Não é só a Roça Grande que entrou em estado de emergência: eu também entrei. É que o cansaço resolveu passar por mim hoje, dar bom dia, puxar o banquinho, tomar um café e levar uma prosa que já durou um dia inteiro e agora vai entrando pela noite adentro. Pausa para dois biscoitinhos. E o cansaço segue proseando, sem dar mostras dele mesmo - isto é, de cansaço - ou sequer de querer ir embora. Portanto, serei breve!
Hoje, euzinha aqui, devidamente aninhada no aconchego do meu lar, ainda não consegui entender porque cargas d'água o Jornal Hoje em Dia, em uma só edição, resolveu dedicar tantas matérias ao tema "recorde". Talvez seja questão de uma complexa e sofistacada estratégia de intertextualidade para amarrar as notícias... ou talvez seja simplesmente uma escassez vertiginosa de assunto interessante... mas o fato é que pelo menos três notícias hoje fizeram menção explícita ao termo "recorde", seja no título, seja no corpo da matéria, seja em ambos.
A primeira notícia, bem sintonizada com o assunto da vez aqui na capital mineira - isto é, as chuvas torrenciais que caem desde 4a feira desta semana - relatam um recorde no aumento do número de mortos em catástrofes naturais no país todo: "Passou de 1.500 o número de mortos e desaparecidos em enchentes e deslizamentos de terras no país neste ano, um recorde histórico, segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/2.349/numero-de-mortos-em-desastres-naturais-bate-recorde-1.382683).
Mas nem só de recordes nacionais vive o periódico. Sob a chamada provocativa - "Entrou para o Guiness" - a segundo notícia do dia sobre este tema relata que "Fidel sofreu pelo menos 638 tentativas de assassinato" ao longo de sua vida (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/fidel-castro-e-pessoa-que-mais-sofreu-tentativas-de-assassinato-1.382528). O que faz do líder cubano "a pessoa que mais vezes foi alvo de tentativas de assassinato, segundo registrou o Livro dos Recordes, o Guinness". Motivo de orgulho? Ou de medo? Bem, certamente de preocupação.
A última notícia faz também menção explícita ao livro Guinness quando relata que a "menor mulher do mundo é indiana e mede 62,8 cm" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/a-menor-mulher-do-mundo-e-indiana-e-mede-62-8-cm-1.382539). A indiana Jyoti Amge tem dezoito anos e "sofre de acondroplasia, a forma mais comum de nanismo que mantém seu corpo no tamanho de um bebê de quatro meses", relata que seu sonho é "fazer carreira no cinema de Bollywood".
Nada mal para ela. A jovem indiana é o único dentre os três casos a deter um recorde do qual ela pode tirar algum benefício para além da própria vida. Já Fidel mereceria, sem dúvida, um prêmio adicional de longevidade e resistência: frustrar seus algozes 638 vezes não é para fracos. Com um currículo desses, poderia fazer carreira de dublê em Bollywood. Já com relação aos mortos e desparecidos em enchentes em nosso país, só lamento: não há benefício algum nesse recorde histórico, nem tampouco algo que traga a vida dessas pessoas de volta. É que Fidel, só tem um no mundo. E mesmo se cada tentativa frustrada de assassinato valesse por uma nova vida, ainda faltariam muitas outras para compensar a nossa falta de preparo para enfrentar catástrofes naturais.
Bom, hora de enxotar o cansaço daqui de casa e mandá-lo passear em outra freguesia. Boa noite, bom fim de semana. Com ou sem chuva.
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